segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Miss You...Sis

Eu cresci numa familia completamente diferente do normal...

Raro era o dia em que eu e a minha irmã mais nova, que partilhávamos o mesmo quarto, não tivéssemos brigas e bem feias uma entre a outra.


Isto inclui estaladas, puxões de cabelos, pontapés, cabeças partidas contra a parede, no chuveiro enquanto tomávamos banho juntas.


Crescemos, tornámo-nos adolescentes e nunca partilhámos muito, nem as amizades, os gostos, as músicas e muito menos as roupas.


...Se eu experimentasse tocar nos trapinhos da menina, ela incendiava-me...


...mas eu conseguia fazer tudo ás escondidas.


Pior foi o dia em que ela me encontrou no metro de lisboa com as roupas dela, já na faculdade e obrigou-me a tirar todos os acessórios que naquele dia me faziam sentir especial....


E desde os nove meses de idade, talvez cedo demais, porque ainda precisava de mais tempo e mimos, vi o colo da minha mãe ser "roubado" por aquele ser e desde essa altura eu reclamava que queria ter sido filha única.


Com todas as forças dos nossos seres, eu e a minha irmã criámos á nossa volta autênticos muros, que nos separaram em tudo uma da outra...mas a ferida mortal foi quando ela casou...e eu não fui convidada.


Não consigo descrever a tristeza que me assolou, como me senti desprezada, esquecida, foi há dois anos atrás.


Hoje sinto a casa vazia, não tenho ninguém que sei que vai adormecer a ouvir a música no quarto ao lado, ou que simplesmente vai demorar mais tempo no banho, porque é linda e merece todas as manhãs os cuidados de uma princesa.


Não tenho ninguém para conversar de tudo e de nada, para rir ás gargalhadas, idas ao cinema, ir ás compras e fazer confidências e fico assim nostálgica, a desejar um irmão, uma irmã, alguém...


Agora já sei....


Se um dia tiver filhos, será mais do que um, talvez quatro seja o número perfeito.

6 comentários:

Blue C disse...

JZ, eu tenho 3 irmãos. Os meus Pais divorciaram-se quando eu tinha 3 anos. A minha Irmã a seguir a mim ficou com a minha Avó. Quis a vida e as desanvenças familiares dos adultos que nos afastássemos e que nos fossemos dando mais em adolescentes/adultas. No entanto, qdo casou não me convidou. Não por mim, mas porque a convidar-me os outros saberiam e ela não qos queria no casamento. Por "azar" o meu Irmão passou à porta dela quando saía para a Igreja. Ele respeitou e não foi ter com ela. tristeza, sim, ficou.
Um dia mandei-lhe um e-mail e disse-lhe como a amo e como me fez falta vê-la crescer e crescer com ela. Ligámo-nos um pouco nessa altura. Sanámos as nossas almas. Depois quando a minha sobrinha nasceu, ainda lá fui. Fui bem recebida.
Quando o meu Pai adoeceu eu fiz a ligação.
Mas não estamos habituadas a estar juntas. Não estamos zangadas, só distantes.

Ao ler o teu post, deu-me vontade de reatar com ela (ainda ontem me adicionou no Facebook... eu não acredito em coincidências).

Tenho feito algumas reaproximações com familiares e amigos e tenho sido sempre bem recebida e acarinhada. Porque não um e-mail à tua Mana? Um baixar do teu muro só porque queres ser feliz? E mesmo quando já o fizeste muitas vezes e te magoaram, será melhor desistir ou tentar sempre alcançar o que queremos?

Obrigada, JZ, eu vou agora mesmo baixar o meu muro.

Beijinho

Irina Jeanette disse...

Blue C ;)

Sabes os muros caem quando menos esperamos e, se antes o mundo dela era um cofre forte onde eu não tinha permissão, nem a combinação para entrar. Hoje depois de um acontecimento trágico familiar, onde ´sentimos a morte a pregar-nos um susto, ela chorou e confessou que podia ter sido melhor irmã e desde então tenho visto o esforço dela.

Eu também tenho esforçado, mas depois do que dizes eu vou fazer mais por isso...esquecemos com demasiada frequência o quanto precisamos dar amor, se o quisermos receber.

Zork Kissis****

Irina Jeanette disse...

Blue C;

Obrigada por abrires o teu coração e o teu mundo...és especial e fizeste-me sentir também ;)

Kissis*****

Blue C disse...

JZ, só reconhecemos nos outros o que existe em nós. Por isso também és especial. Um beijinho

Unknown disse...

Li o teu texto e identifiquei-me. Comigo não foi aos 9, mas aos 21meses. E não digo que invejei a relação da minha irmã com a minha mãe, porque nunca desejei a dela, desejei a minha própria relação, porque também tinha direito a uma. Tive ciúmes sim, admito. Mas felizmente, tomei um caminho que hoje m permite amar muito a minha irmã. E ela a mim. Nunca a culpei por essa situação. Sempre tive consciência que a culpa pertenceu única e exclusivamente á minha mãe. Por isso hoje, a minha mãe infelizmente já não está presente, mas a nossa relação será para sempre. A minha irmã é das poucas pessoas com quem sei que poderei sempre contar. E ela, contar comigo.

Quando, um dia, tiver filhos, podem ser dois, três, não interessa. Não interessa quantos, porque tenho amor suficiente para dividir por todos, irmãmente.

Beijo***

Irina Jeanette disse...

João Pedro :)

Que bom que conseguiste conquistar essa a relação entre ti e a tua irmã. Sabe a tudo nesta vida sabermos que temos alguém com quem contar...sempre!

Estou a fazer progressos nesse sentido e o teu comentário dá-me ainda mais força para eu prosseguir, e sei que são recíprocos...


Obrigada João Pedro

Zork Kissis***


Layout: Bia Rodrigues | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©