Conversar com a minha mãe é tão polémico como os debates na assembleia da república e ainda esbarro com conversas interesantes com ela...
... ela que não foi preparada para enfrentar o rápido desenvolvimento da nossa sociedade, seja ele para melhor ou para pior.
Ela diz cinicamente que as conversas comigo estão a ficar melhores, porque tenho a ousadia de explicar-lhe a existência de sex-shop e ainda refutar teorias do passado sobre sexualidades, afectos e máscaras. Teorias estas que são verdadeiros tesourinhos deprimentes, na minha opinião, claro!
Hoje contei-lhe sobre uma amiga que depois de muito tempo de ter acabado o seu relacionamento com um homem, ainda sofre angústias de morte, porque simplesmente ousou ter a coragem de investir em algo que ela acreditava iria chegar longe - enganou-se!
E a minha singela mãe, responde do alto da sua sabedoria, para a sua filha ingénua:
- Sempre tenho dito que uma mulher nunca deve dormir com um homem antes de casar. Depois o que acontece é elas ficarem assim.
E eu deu-me logo um arrepio na espinha dorsal, porque apesar de acreditar que tudo deve ser vivido no timimg certo, acredito que isso cada um é que deve estabelecer para si.
Esse timing deve ser definido a partir do conhecimento que tem a pessoa de si própria, do outro e da relação entre os dois.
Posso estar muito errada, mas neste momento só acredito que uma pessoa sofre mais ou menos por amor, não pelo facto de ter entregue ou não corpo á sua sexualidade, mas pelo facto de ter entregue mais ou menos das suas emoções, dos seus sentimentos, da sua alma, enfim do seu coração.
As pessoas não sofrem porque dormiram com este ou aquele parceiro e depois a relação terminou, acredito que só acontece a dor extrema, a angústia de se viver separado de alguém, com quem se imaginava a viver o resto dos dias, porque todos os afectos, máscaras e em último lugar sexualidades caíram diante dessa pessoa.
O corpo é apenas um pacote, é o exterior e, pode-se fazer uso dele com ou sem paixão, com ou sem amor e sentimentos...as emoções essas sim, são difíceis de prever, controlar, dominar ou restringir.
Se a pessoa ama com o coração e entrega o corpo e depois sofre a desilusão é difícil de ultrapassar não pelo corpo, mas pelo que a ele estava associado.
A sexualidade é um lugar estranho, cheio de mistérios e encantos que ainda hoje tem muito para ser explorada, mas apenas porque a ela estão associadas a entrega de algo mais.
Se não existirem na sexualidade, o mistério e o encanto, este torna-se um acto de rotina, carnal, banal e que por mais ousado que seja nas suas práticas, torna-se oco e sem sentido, algo que nunca preeche. Esse ser com quem se envolveu esse outro alguém não passou de mais um pacote, que se usou e jogou fora.
Esta é a minha versão e a tua, qual é?
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