quinta-feira, 4 de março de 2010

A minha Amiga Lésbica e Eu


Já vos disse que na escola preparatória tive um super-amigo que era gay?
Como definir a nossa relação?

Éramos inseparavéis...

A amizade, o conforto e o carinho sem interesses de um lado ou outro eram reais, ríamos e brincávamos juntos.
E os outros limitavam-se a olhar porque nós éramos os Outcasts, os párias errantes que por acaso até estudavam, mas que não pertenciam a lugar nenhum.

Depois de eu ter mudado de escola, num surto febril da adolescência, fomos perdendo o contacto e nunca mais soube nada dele e lembro-me apenas vagamente do seu nome, do jeito de andar e falar.
Mas isto para dizer o quê?
Para dizer que é muito bom ter amigos sinceros e verdadeiros, sejam eles gays ou não, pelo menos para mim, se o forem óptimo porque vou sempre recebendo dicas excelentes sobre homens, roupas e relacionamentos...é tudo muito refrescante.

Mas não é bom ser a amiga lésbica de todos os homens que encontras, quando nem lésbica és. Eu estou numa fase péssima em que começo a pensar que os rapazes consideram-me a amiga lésbica que nunca tiveram na vida.
Eles são os ex-namorados, os amigos e conhecidos, pessoas com todo o potencial químico para algo mais que uma bebida e algumas saídas, mas que resolvem "estragar" tudo com conversas sobre os seus passados amorosos, sem que tenham a ousadia de olhar para a frente...literalmente para a frente. São os meus muitos conselhos e explicações sobre como funcionam os instintos femininos, a complexa e labírintica mente feminina e todas as suas muitas contradições e é vê-los seguir em frente.
Mas não pensem que não recebo nenhuma recompensa por todo o afecto que dou, recebo sempre e normalmente num espaço de um mês, na forma de um simpático convite de casamento com aquela que vai ser a mulher da vida dele (até ver) e a mãe dos filhos também.

Sei que daqui a uns anos vou ser vagamente recordada por alguém, não sei quem, que terá de fazer um esforço para recordar o meu nome, o meu jeito de falar e andar e de certeza que não vai falar de mim aos filhos e netos, como uma das mulheres da sua vida.

Adoro ter amigos, mas por vezes só amizade cansa...
Hoje estou cansada...pronto!
Perdoai-me o cínismo incalculável que ruge dentro de mim...perdoai-me!


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