Ontem foi um dia e noite para esquecer e riscar em absoluto da minha vida.Estive dezasseis horas enfiada dentro do "prestigiado" Hospital Garcia de Orta em Almada, apenas para acompanhar e garantir os melhores cuidados de saúde a um dos meus utentes.
No final do dia, eu já acreditava que ele conseguiria a alta médica e eu ficava internada, porque em determinada altura só tinha vontade de cortar os pulsos, tal não era o desespero a que as coisas chegaram.
Nem sei onde estão os tão proclamados Direitos Humanos, quando se deixa um utente enfermo sentado numa cadeira de rodas durante 16 horas a levar soro nas veias, com a bela idade de 91 anos.
Tenho também para mim, que se chegtas áquele hospital, se não morreres da doença, a cura trata-te do pêlo num instante. Nunca vi tantas faltas de condições num lugar onde seria suposto existir recuperação de saúde. Não existe naquele lugar nem luz natural, ou ar, para não falar da falta de recursos humanos e materiais ( vulgo camas)!
Chegou uma determinada altura que tive a ligeira sensação de estar em plena feira do relógio num dia de muita chuva e cinzento, tal não era o barulho, agitação e confusão com vozes, gritos, doentes por todo o lado, pessoas a correr, empregadas de limpeza e baldes de esfregona.
Uma cena dantesca.....
Nestas alturas, eu pergunto sempre a mim mesma se estarei realmente a viver num país desenvolvido e automaticamente a minha mente responde que não, nunca nem pensar.
Mas de todas as coisas que mais me tiraram do sério, foram os comentários racistas sobre médicos de origem brasileira, por parte de uma utente que estava no hospital:
" É só médicos brasileiros por todo o lado, o estado a que este país chegou ...em vez de estarem na terra deles a cuidar dos PRETOS, estão aqui."
Estive mesmo para lhe responder, no entanto não seria capaz de responder pelos meus actos e estava já esgotada demais para responder a pessoas completamente ignorantes e preconceituosas.
Hoje estou de ressaca...
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