terça-feira, 27 de abril de 2010

Eva e Eu...o Reencontro !


Não existe nada que me cause mais aflição do que o sofrimento humano, ainda que alheio.

Nunca perdi um familiar próximo ao qual estivesse ligada afectivamente, nem pais, irmãos ou avós. No entanto, sempre que escuto uma ambulância a tocar estridentemente nas ruas, a grande velocidade, sinto sempre um arrepio frio na espinha e rezo por aquela pessoa, porque podia ser eu ou um dos meus, nunca sabendo, e mesmo não o sendo, é um ser humano em sofrimento.

Na segunda - feira, não foram as horas em excesso que provocaram toda aquela agonia mas, todo o sofrimento das pessoas á minha volta.

Existiam gritos de dor, lágrimas por familiares que tinham falecido, quando ainda ontem estavam bem.

E eu vi de tudo, cérebros agrafados, rostos ensanguentados, crianças feridas, idosos pálidos diante da evidência da morte que se aproxim, que descaradamente ainda envia uma carta registada num cólo do fémur partido e, com aviso de recepção numa dor aguda e lacinante.

Vi pessoas alcoolizadas, sem-abrigo, entre muitas outras coisas e naquele momento senti uma forte agonia por tudo aquilo que passava diante de mim, como um desfile de dores humanas sem fim...era o carnaval da doença, morte e sofrimento em que os carros de desfile eram as macas, cadeiras de rodas e os pés que se arrastavam em marcha fúnebre em direcção ás salas de exame para avaliação clínica.

Eu digo-vos sinceramente, essa história que ouvi desde criança de que quando chegar ao céu, vou encontrar todos os heróis da bíblia, entre eles a bela Eva e Adão, faz-me sentir saudades desse reencontro, mas não pelas razões que esperas.

Não vai ser um feliz reencontro entre familiares que não se viam á muito, eu quero limpar o sebo a Eva.

Sim, é isso... por ela ter a gula de um elefante é que trouxe este pesadelo á humanidade?

Como se não tivesse mais nada para trincar ( e eu até consigo imaginar milhares de coisas, entre elas a língua grande dela...tão típico) á excepção do maldito fruto.
E não me importo se ela chorou muito quando viu morrer a primeira flôr, mais até do que se chora por um familiar morto, porque a pobrezita não estava familiarizada com a morte.

Ela devia era ter ficado sentada, no meu lugar dentro das urgências daquele hospital, ou então na cadeira de um qualquer cinema a assistir a documentários sobre as últimas guerras mundiais, desastres naturais, fomes no mundo, má distribuição da riqueza e outros frutos que hoje a humanidade tem de trincar e engolir com tanta dificuldade.

Vou bater em Eva, este é o meu sonho celestial...já com o Adão não me meto, porque esse foi um idiota, esquecendo-se que ainda tinha mais uma costela de onde poderia ser criada outra mulher menos loira e mais perspicaz.
Mas será que ninguém lhe tinha ensinado sobre anatomia? E também não quero conversas com ele, porque pelo que ouvi dizer, ele tem pelo menos mais três metros de altura em relação a mim.

Mas a Eva, se eu estiver em cima de uma cadeira, ainda consigo dar-lhe umas belas estaladas nas perfeitas faces rosadas que ela tem...ó se tem, até vão ganhar nova côr e vida.

E se quiserem evitar outro desastre global, é melhor começarem a pensar em outra história para explicar todo o sofrimento humano.
Porque na próxima oportunidade, eles que não se escondam de Deus, mas da minha fúria.

Vou fazer dela e de toda a sua beleza estonteante um painel decorativo para toda a eternidade.










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