quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Trabalhadores do mar e do (a)mar

Não há um único dia em que eu chegue ao trabalho e não receba uma mão cheia de prendas, lembranças e ofertas....é bonito!!!
Hoje mal tinha ocupado o lugar atrás da secretária e já ouvia de uma das funcionárias exclamar:
- Bom Dia, minha chefe Amorosa.
Sou apenas eu, não pretedendo ser ninguém além de mim própria, não quero ser a chefe, a Drª (disparate imposto, e ofensivo), pretendo apenas coordenar, orientar, ouvir, preencher necessidades e isso basta-me.
Voltar a casa no final do dia com a convicção que fiz tudo ao meu alcance naquele dia para minorar sofrimentos e despertar sorrisos, é o suficiente para mim. Sou uma pessoa cheia de idealismos e utopias, mas elas ajudam-me a viver e sobreviver num mundo em que uma pessoa sedenta pode suplicar por um copo de água e, apenas lhe dirigem aos lábios, coração e alma um copo cheio de areia quente.
Sou eu, não quero estatutos, honras ou diferenças de tratamentos....deixem-me ser quem sou, com meus defeitos megalómanos, manias e qualidades se isso me torna uma pessoa real e livre de hipocrisias, essas sim abomináveis ao meu espírito.
Não sou a Madre Teresa de Cálcuta, como o meu superior hierárquico ousa definir e, se algum dia o chegar a ser prefiro sofrer as dores dela que o sofrimento do hipócrita, tal como é tão bem descrito por Victor Hugo:
O Sofrimento do Hipócrita
"Ter mentido é ter sofrido. 0 hipócrita é um paciente na dupla acepção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício. A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cérebro, querer devorar os que o veneram, acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente, compor o rosto do crime latente, fazer da disformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, por açúcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar, nada mais difícil, nada mais doloroso. 0 odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. Causa náuseas beber perpétuamente a impostura. A meiguice com que a astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e há momentos de enjôo em que o hipócrita vomita quase o seu pensamento. Engolir essa saliva é coisa horrível. Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu desmedido no impostor. 0 verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se. 0 traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da enormidade. 0 hipócrita é um titã-anão. "
Victor Hugo, in "Os Trabalhadores do Mar"

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