domingo, 6 de fevereiro de 2011

Uma Casa na Árvore...


Sei que os meus pais são pessoas, seres que individualmente possuem em si, essências boas, no entanto quando combinadas não se misturam, não há fusão ou qualquer tipo de simbiose.

Quando era criança, ouvi vezes demais a seguinte frase pronunciada por o homem que mais amo, dirigidas a essa mulher extraordinária, a minha mãe:

- Estou contigo, mas nunca te amei, não és a mulher que idealizei, vou embora. Adeus crianças!

Não raro, passado a ausência de dias, acabava sempre por regressar. Era um ciclo, que nós pequeninas não entendíamos. Não entendíamos o mundo dos adultos, daí ter chorado o dia do casamento deles, qual o sentido daquilo?

Um dia acabou por partir de vez e para sempre,não houve mais regresso.

A casa onde viviamos era linda, espaçosa e muito bem decorada, tinha sido o trabalho da minha mãe que desejou construir algo, um lar, lembro com saudade as muitas plantas que enchiam a nossa sala de jantar de vida. Todas as noites, quando regressava do trabalho, o meu pai conversava com elas, regava-as, nutria cada uma com a água, adubo e aqueles diálogos que as faziam rejuvenescer e tornarem-se plantas viçosas e lindas.

Quando ele partiu, apesar da água, do alimento que lhes foi administrado, uma a uma foram morrendo, a sala ficou pobre, vazia.

O amor e a comunicação são a base de tudo na vida humana, animal ou vegetal...

Podem existir rotos abraços, beijos apaixonados, mas se não houver amor de nada valerá!

Eu sei que decidi tapar os ouvidos e caminhar sozinha, desde aquela minha infância, eu nunca mais na vida quero ouvir o que a minha mãe escutou durante anos. Prefiro chorar a realidade, que (continuar) a viver na ilusão.

Um destes dias vou construir uma casa na árvore, serei forte e crescerei só para o alto, sem que as ervas danninhas ou falsas espranças, ilusões me derrubem, para além do mais, as árvores morrem de pé e eu pretendo essa dignidade na vida e na ausência da própria. Eu já fiz minha escolha, minha decisão!

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