sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Leituras Dispersas: "A Cidade do Sol"



Quando eu e o Rafha nos conhecemos, era eu a viciada em livros, gostava bastante de ler e estudar, fosse pela obrigação de estar a completar o ensino superior ou por a minha mãe ter criado em mim o hábito de ao despertar pelaa manhã e ainda no silêncio da casa, ler algo previamente selecionado. A minha mãe continua a acordar cedíssimo para ler todas as madrugadas. Ainda me lembro de despertar quando era pequena e antes de sairmos de casa, ela reunia os filhos junto da janela por onde o sol entrava radiante e ia iluminando toda a casa para nos ler algo. Era ali que começava o dia , éramos seis na época, e havia sempre uma reflexão para o dia, um conselho amigo retirado de um livro. Era assim, que começavam os nossos dias. 

Mas como dizia, a viciada em livros era eu, ele apenas ficava a saber alguns dos conteúdos através de mim. A verdade é que com o convívio um com o outro, ele ganhou uma paixão por livros muito maior. Já iniciamos vários campeonatos de leitura os dois  juntos e eis que ele vence sempre. O meu hubby consegue ler livros de 400 páginas em dois dias, uma verdadeira proeza. 

Os papéis alteraram-se e hoje é ele quem os começa, faz-me os breefings de cada um, acendendo a chama em mim.

Mas o livro que vos quero falar e que li mais recentemente é da autoria de Khaled Hosseini, o livro "A Cidade do Sol",

Este livro, ele tinha comprado há umas semanas e deixou no quarto disperso e pendente para ler, assim que surgisse a oportunidade; pois acontece que não resisti e um desses dias perdida entre Olhares e Divagações e, eis que o livro salta para as minhas mãos. Pretendia ler apenas o resumo e ter uma ideia do conteúdo, mas ao fim das primeiras linhas já estava presa em cada palavra, parágrafo,emoção e ideia. 

Só tive coragem de dizer ao R. que o havia lido já no final ( shame on me)....ele pegou nele logo a seguir e devorou-o ainda com mais sede e fome que eu, era vê-lo a ler andando pelo caminho, no trabalho, nas viagens ida e volta do trabalho, enfim.

Agora até voçês ficaram curiosos para saber sobre o interior dele, aqui vai:

O livro conta a história emocionante de duas mulheres que vivem casadas com o mesmo homem, num romance cheio de emoções que se encontram e chocam. Uma viagem que todos deveríamos fazer através das páginas deste livro, porque contém detalhes do cotidiano do Afeganistão, muitos fatos históricos do passado que contribuem para as atuais cores sociais, políticas e econômicas da atualidade deste país. Este livro é uma descrição poderosa e perturbadora de violência, de guerra e dos seus efeitos, mas assim como também um forte apelo á esperança, á luta pelo amor e a verdadeira amizade. O livro já atingiu recordes de vendas e posso dizer que é um dos romances mais emocionantes de todos os tempos com mérito próprio, arrisco em dizer.

Em jeitinho de conclusão, apenas quero deixar o apontamento de que ainda hoje na nossa sociedade moderna podemos encontrar muitas mulheres cativas, aprisionadas a relacionamentos complexos demais para serem descritos em linhas.Elas sofrem abusos, maus-tratos e que mesmo não sendo físicos, acabam por destruir o amor-próprio e o potencial que uma mulher tem em si e per si. 

Gostaria que todas as mulheres que conheço nesta situação tivessem a coragem da Mariam e da Laila, quando colocaram fim ao sofrimento delas e deram a si próprias a oportunidade de serem felizes. Que elas  também aniquilassem os monstros e medos que continuam a provocar ruídos, ausências, autismos da parte deles com a pretensão de que casamento e vida a dois é isso mesmo e nada mais. Mulheres curvadas sobre o peso de uma vida em que vivem a ilusão de um falso amor, um ideal de casamento e que se arrastam infelizes vida fora, porque acreditam não ter mais para onde ir, outras vezes pelos filhos - tenho exemplos disto na minha família- e a vida prossegue mais vazia do que cheia, mas prossegue.Mulheres que murmuram e recitam nas suas orações a súplica das forças que perderam nas mãos para a ação. Espero que um dia todas elas encontrem respostas e fiquem a salvo, como lindas mulheres que são.

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