sábado, 30 de abril de 2016

Chorei sobre Lisboa...

No dia de hoje, celebra-se o dia da mãe, mas para mim essa ocasião passa ao lado. Receberia uma má resposta de minha progenitora se lhe desejasse: feliz dia das mães. Porque acho que ela se arrependeu de ser mãe e, sei que detesta a ideia de ser avó, um dia.

Mas este dia para mim é um dia que chorei sobre minha outra mãe, aquela que me viu nascer e me abraçou no seu colo: Lisboa.

Nasci em Lisboa, no Campo Grande, no quinto andar do hospital de Santa Maria a um nascer de sol de sábado.

O meu sobrenome, é Almada e essa é também a cidade que vislumbra Lisboa do outro lado do rio Tejo. E eu, cresci na outra margem, a sul de Lisboa e olhando sempre de canto para aquelas colinas, a cidade das 7 colinas.

Como com todas as mães e filhas adolescentes, em fases de rebeldia absurdas, rejeitei a minha "mãe" e afirmava não gostar de Lisboa. Recusava passear por ela e descobrir, seus miradouros sobre o Tejo, monumentos, ruas estreitas, bairros típicos e saloios, parques e seu jeitinho cosmopolita de ser.

Cresci e um dia, convidei o Rafha para passear por ela, um domingo de sol, andamos por tudo o que era Lisboa... Por amor a ele...amei Lisboa.

Parti, um dia e fui para o Brasil...foi lá que vivi de Agosto de 2011 a Abril de 2013 e quanta saudade eu senti. O meu rio, o Tejo, com quem conversei nas margens de Cacilhas antes de partir e olhando com lágrimas a Lisboa. Chorei!
 Prometi às duas margens que iria voltar, e levei Lisboa escondida em mim; dentro  de um bolso de casaco.

Fui, mas doeu a distância...chorei Lisboa e por Lisboa. Eu tinha aprendido a amar aquela cidade e tudo o que ela continha do antigo ao moderno. Foi por amor que a deixei e foi por amor que voltei.

Neste dia, há três anos atrás, entrei em Lisboa, o meu Tejo me trouxe de volta ao meu amor. Fizemos a nossa viagem de regresso a Portugal, num cruzeiro que atravessou o Atlântico. Subi ao deck superior para ver chegar Lisboa, linda e moça e, chorei... Chorei muito, lágrimas que caíram ao Tejo banharam Almada e a cidade amada. Senti um abraço e aconchego que sinto até hoje e que me faz prometer: eu ainda vou voltar e vai ser para ficar. A minha primeira casa será comprada olhando para ti, Lisboa, para eu te ver até envelhecer. Sou estrangeira e não quero perder esse título, quero ser sempre emigrante, para sempre voltar aos braços de minha mãe, percorrer suas ruas, rir nas suas calçadas e nunca te abandonar até nunca mais. Ah Lisboa, estou a planear ser mãe em breve e é em ti que nascerão os nossos filhos. Meus filhos não serão ingleses, serão lisboetas e portugueses com orgulho de suas origens, portugueses que visitam outros países a trabalho.

Ah Lisboa, se falasse tudo o que sinto sobre ti e a tua Almada, estaria aqui horas sem fim.

Lisboa és minha mãe, e a ti volto hoje e voltarei sempre, mas um dia para ficar e não mais sair.


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