segunda-feira, 4 de julho de 2016

Road Trip

Decidimos ir para Portugal de carro e correu tudo muito bem á exceção de nunca termos chegado a Portugal. No final do primeiro dia, dei conta de ter perdido a carteira e estávamos a apenas uma hora da fronteira com Espanha. Hoje, para mim, digo e penso que Road Trips pela Europa, do Brasil ao Alasca, são mais ou tanto romantizadas como casamentos entre humanos e unicórnios! Ficámos perdidos, desorientados, com fome e sem gasóleo no carro por o tempo necessário para me levar a um esgotamento nervoso. Tive de pedir dinheiro a quem não queria e sofrer com isso. Procurámos o Macdonalds de França para conseguir internet ilimitada e foi o que nos safou, para alertar a família e os amigos que se importam. Sim, porque houve alguém que sugeriu eu lavar louça nos restaurantes em troca de alimentação... Oh graça e excelsa graça!
Sim e lavava louça em troca de gasolina, dinheiro para a travessia do canal da mancha e por tantos dias que ia acabar emigrada em frança pelos próximos vinte anos e nem tinha percebido. Será que ainda existe alguma réstia de humanidade em nós?
Eu e o Rafha só ficámos mais fortes e unidos no amor, apoiamos muito um ao outro em meio a este infortúnio e aqueles que quiseram usar esta situação para nos virar um contra o outro, um bem haja, ficaremos juntos felizes e casados por mais 50 anos depois disto e depois de vocês. Ele diz que está ansioso de envelhecer do meu lado e ter os netos no colo, para rir com eles de como tinham uma avó teimosa e cheia de criatividades que podiam dar certo como não. Ah e depois disto, ele ainda quer envelhecer do meu lado, que bom é casar com homens e não com unicórnios. Hoje são 01:02 da madrugada e estamos no porto de Callais a aguardar a travessia de barco e sabemos hoje que na angústia, surge o irmão e, nem todos os que sorriem ou te estendem a mão, gostam de ti, ou se importam se vives ou morres. Ansiamos chegar em casa, tomar banho e deitar juntos e abraçadinhos um ao outro, como até aqui e partilhar a nossa primeira refeição caseira depois de todo este drama. Aos amigos Kleber, Tiago, Soraia, Cristina, Pedro e a nossa mãe Benedita obrigada porque estiveram sempre connosco, cuidando, orando e disponíveis, afinal ainda existe amor no mundo.

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