quinta-feira, 12 de maio de 2016

Saiu o Divórcio...


26 de Fevereiro de 1989....
Nesta data eu tinha 9 anos e foi quando os meus pais decidiram casar. Não me lembro de na vida de algum dia ter chorado tanto, de felicidade? Não!

Neste dia chorei de tristeza, de horror e de sentir a mais pura infelicidade. Tinha 9 anos e eu não era mais uma criança...os meus pais me fizeram crescer rápido demais.

Nunca quis aquele casamento e pedi á minha mãe que o não fizesse.

Já os meus pais viviam juntos há muitos anos, antes daquele dia fatídico e eu via tudo, eu observava tudo na pontinha dos pés. O meu pai nunca amou a minha mãe e, a minha mãe idolatrava o meu pai. Um relacionamento desigual em todos os aspetos e pesado em toda a essência da vida.

Durou 3 anos, depois de mais de 10 juntos. E meu pai saiu de casa, para não mais voltar.

Como criança, vizinhos me abordavam e perguntavam se eu queria que meu pai voltasse e, eu na minha infantil honestidade respondia rapidamente: não, muito obrigada!

O meu pai não amava!

O que é a vida sem amor? Uma fachada. Ver uma pessoa idolatrar outra e esquecer-se de si mesma diariamente, perder todo o brilho e viver em função do outro é humilhante e triste.

Eu amava o meu pai e a minha mãe, eu adorava o meu pai, só não gostava da combinação dos dois juntos.

A minha esforçava-se para ser amada por ele e nunca foi....

O amor do outro não depende do esforço, ele brota, jorra, floresce e subsiste em água de açúcar que é o nosso amor próprio.

Se tu não te amares... Ninguém o fará!

O amor tem de vir de dentro para subsistir ás intempéries da vida cá fora, aos elementos ferozes, ás circunstâncias sombrias com que a vida nos presenteia. Se não existir amor dentro de ti, desculpa, mas nunca vai existir amor para ti.

Quando não te amas, não tens respeito por ti, não te relacionas bem com o teu eu, por isso, ninguém de verdade vai desejar se relacionar contigo. Talvez o faça, por algum tempo, por conveniência ou por desejo e depois? Depois parte e deixa na tua alma mais uma marca, uma ferida do desrespeito do outro por ti? Não!

Fica a marca na alma do desrespeito para contigo mesm@. A culpa é tua, o outro é inocente, desculpa.

Se não tens amor próprio, não és feliz e sais em busca do amor de outro, exigindo dele que te faça feliz. És egoísta, um egoísta assustado, com medo de viver e que depende dos outros, sadicamente para se atrever a o fazer.

Desiste e pára de culpar o outro pela tua miséria, pela tua dor. Tu és a única pessoa com quem vais ter de lidar até ao fim dos teus dias, por 80,90 ou mais anos? Não interessa....

Está na hora de te amares, perdoares, namorares o teu eu, a tua alma, seres feliz per si e porque sim! É a mais sublime obra e é isso que Deus pede de ti. Deus não pede que ames o teu próximo; mas sim que ames o teu próximo como a ti mesmo.

Se não te amares, como poderás dizer que algum dia amaste alguém de verdade?

Enxuguei as lágrimas daquele dia, no dia do divórcio, fui feliz pois vi minha mãe a não viver á míngua de amor, dedicou seu tempo a nós, os filhos, investiu nos seus sonhos e projetos e foi bem sucedida. Porque? Porque se atreveu a amar a si mesma antes de qualquer outra coisa.

Foi difícil o processo, mas foi isso mesmo, um processo com princípio, meio e fim!

Sejam honestos convosco mesmos, com os vossos filhos, eles observam e sentem as batidas do coração dos pais. Não os iludam, maior é o sofrimento de crer em algo ou alguém que não existe, igual a mentira de que existe um velhinho de barbas brancas que desce pela chaminé todos os anos e deixa presentes. O mais certo é o velhinho ser um ladrão, que come os biscoitos, bebe o leite e desaparece na surdina... Os biscoitos eram teus e deixaste para que outro usufruísse do que seria para adoçar a tua vida.

Os filhos aguentam, não os incapacitem.

Vivam a verdade, por vós e principalmente por eles. O maior amor que podem dar aos vossos filhos é o vosso amor próprio, a vossa honestidade e força de viver, sozinho ou acompanhado. Não lhes contém histórias da carochinha, eles um dia saberão toda a verdade, melhor seja que a saibam agora, para no futuro não vos culparem pela mentira do velhinho das barbas brancas.

Mas esta é a minha história.....

Qual é a tua?


2 comentários:

Ines disse...

Ah, Irina!! Triste a situacao! Acho que na vida nos aprendemos a amar, nos apaixonamos por as pessoas que nos aman, pena que o teu pai nao subo dar valor a la familia que tenha, amar a mulher que estava ao lado e aos filhos, que precisam de uma relacao amorosa e saudavel entre os pais! Problema e de el mesmo, nao da tua mae ;) Ela se dedicava, e queria o melhor!!

Unknown disse...

Amei... Irina, adorei mesmo! Obrigada! Obrigada! Obrigada! És rica por dentro. Por favor, não pares de partilhar tudo isto connosco, comigo.

Sara Séca


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